segunda-feira, junho 27, 2011


Alterações no MNE?



Recomendo, mais uma vez, a leitura do blogue Albino Zeferino, cujo último post (REVOLUÇÃO NO MNE) contem alguns comentários e reflexões relativas ao assunto em epígrafe que suscitaram a nossa atenção.
Até que ponto é que as mudanças, que parecem estar a ser introduzidas nas Necessidades por Paulo Portas constituem ou não uma revolução  é por ora matéria especulativa. Mas, muito provavelmente, o novo titular vai bulir com a rotina e com o corporativismo da “Casa”, a que o cinzentão Amado e os socialistas que por lá passaram sempre se curvaram, com mesuras e os habituais discursos redondos, ou, no mínimo, deixaram correr o marfim.
O novel titular de facto quer marcar bem que quem “manda é ele e que não vai precisar da máquina para nada a não ser para protocoladas e liturgias diplomáticas” – 100% de acordo. Se assim for, bravo – não podemos deixar de aplaudir. Por outro lado, o líder do CDS tem de se desembaraçar rapidamente da corja de socialistas e maçons que por lá andam e que se eternizam nos grandes postos e esta é, de facto, uma questão de fundo, da maior relevância. Desfazer o que levou décadas aos xuxas e demais compagnons de route a concretizar não será, porém, tarefa fácil, antes pelo contrário.
Divergimos de Zeferino num ponto relevante, a que já nos referimos em correspondência anterior: não podemos dar de barato que, como orientação estratégica, Paulo Portas vá privilegiar a Europa e o comércio externo, pelo menos na forma que alguns concebem uma e outro. Afigura-se-nos que, por um lado, é demasiado cedo para se avançar por este tipo de previsões (o que não quer dizer que sejam desprovidas de lógica e de coerência) – o Ministro ainda não se pronunciou clara e publicamente nesse sentido, ou, se se quiser, em qualquer sentido -  e, além disso, o PM e o PSD têm, como é óbvio, uma palavra a dizer em matéria de prioridades de politica externa. Mais. Também não pensamos que se vá assistir a uma subalternização da política relativa às comunidades portuguesas no estrangeiro e, igualmente, na que toca à cooperação com África, o que toca particularmente ao partido maioritário e ao seu líder.
É muito provável, isso sim, que Portas venha a dar uma importância acrescida às relações com os BRICs, com a América Latina e com o mundo árabe, no sentido da diversificação,  para não se manter esta subordinação absurda aos interesses da “velha Europa” e da Senhora Merkel, cujos resultados nefastos estão à vista. Para mal dos nossos pecados, 80% do nosso comércio externo é com a chamada Europa comunitária. Chegou a altura, embora tardia, de mudar de agulha e esta é uma necessidade imperativa. Todavia, noutros capítulos deverão manter-se as orientações tradicionais.
Crucial é o Ministro e os Secretários de Estado verem-se livres da escumalha roso-maçónica e oportunista que prepondera nos corredores das Necessidades e nos postos e missões no estrangeiro, sobretudo os da linha Revlon e os de primeiro plano, em termos politico-económicos, entenda-se.
Voltando à gestão da Casa e da rede diplomática, antes do mais, o CDS tem uma fraca implantação no MNE, como refere a justo título Zeferino. O PS pelo contrário dispõe de uma ampla margem de apoio e de um bem dimensionado terreno de manobra  – Zeferino menciona que contou  “16 embaixadores amigalhaços de Soares ao mesmo tempo em Embaixadas”, pois, meus caros leitores, eu já contei bastante mais.
O que é que Portas pode e deve fazer?
A)   Antes do mais – trata-se  da questão que supera todas as outras -, mudar a Cova da Moura e a Reper, colocando nesses lugares  gente da sua confiança, isto não só a nível da respectiva chefia politica, portanto do  Secretário de Estado, tendo já sido indigitado Miguel Morais Leitão, mas do próprio Director-geral, que tem de sair. Depois terá de retirar o homem da REPER, ou seja o ex-Secretário de Estado socialista, Manuel Lobo Antunes (foi Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Defesa e depois S.E. dos Assuntos Europeus – querem mais?), que só ocupou o lugar por mérito da sua fidelidade rosa. Há quem insinue que, há uns anos atrás, M. Lobo Antunes esteve na origem do escândalo que obrigou Martin de la Croix a demitir-se. Dizem...não tenho, nem ninguém tem provas...mas lá dizer, dizem.
B)    Em seguida (2ª grande prioridade) tem de correr com o Secretário-geral, Vasco Valente e com o Director-geral Político. São lugares de confiança política absoluta do Ministro: o Secretário-geral é o gestor da “Casa”, detendo um poder desorbitado dentro do MNE e o Director Politico é o responsável pela implementação da politica externa. O primeiro navega, como se sabe, em águas socialistas; o segundo afirma ser neutro, mas anda por lá perto.
C)  Nos postos é que se esperam grandes modificações, umas no imediato e outras a médio e longo prazos. Quase todos os postos da linha Revlon ou de primeira grandeza para a politica externa lusitana e estão ocupados por gente da era amado-socrática. Ora vejamos, em breve síntese:
-       ONU, Nova Iorque – ocupada por um assumido militante de esquerda que só recebeu amplas benesses dos diferentes poderes socialistas (designadamente de Sampaio, Gama e Amado,  e que até o idiota do António Monteiro curvou  a  espinha), mas, como afirma a justo título Zeferino, presumivelmente só depois de Portugal deixar o Conselho de Segurança, pois haveria inconvenientes se isso fosse feito de imediato.
-       Delegação junto da NATO – é chefiada por um ex-Secretário de Estado da Defesa do executivo socialista. Apesar do lugar estar preenchido há pouco tempo, a cabeça tem de rolar.
-       Representação junto da UNESCO -  socialista de cartão: tem de saltar.
-       Paris e Roma – ex-Secretários de Estado de Governos socialistas. Estão ambos em fim de carreira, provavelmente por aí ficarão até ao fim. É pena!
-       Luanda – posto muito importante para os interesses portugueses e agora mais do que nunca. Quem lá está, está de facto por lá há muito tempo. Trata-se do ex-Chefe de Gabinete de Jaime Gama. É um dos postos porque Paulo Portas tem de começar, sem quaisquer problemas e sem rebates de consciência.
-       Nos feudos do Barroso (Londres, Washington, Berlim) é melhor por ora não mexer. Aliás, Berlim vaga já em Fevereiro próximo.
-        Existem postos menos importantes (ou se se quiser de segunda grandeza) ocupados por socialistas (bolas! São mais que às mães), como, entre, outros, Viena, Atenas e Nova Deli. O louco de Viena devia ir para casa tratar-se, questão que se arrasta há anos. Por outro lado, se Portas quer dar um novo impulso ao relacionamento com os BRICs devia mudar o embaixador na Índia, ex-assessor de Sócrates. Antecipamos, o argumento: não se pode fazer tudo, nem estamos em época de caça às bruxas, mas esta gentalha tem de pagar, ou a justiça já passou a ver alguma coisa?

         Outras questões merecem atenção mais detalhada (designadamente a integração ou não do AICEP e quem será a personagem para ocupar o lugar do “vira-casacas” – mais um, entre muitos - , Basílio Horta), o que faremos proximamente.

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei dos comentários ao artº do Albino Zeferino. Creio porem que AZ tem razão quanto à junção MNE/AICEP. Faz todo o sentido na nova conjuntura.
Vamos lá a ver quem virá substituir o inefável Valente como SG. Apostaria em Rosa Lã que está a cumprir os 65. Tem perfil, idoneidade e competencia. Não sei é se terá paciencia para aturar a subsecretária Vania. A ver vamos.
Constou-me que um tal Lameiras (maçon e maricas) está a lançar para o ar que o seu amigo Portas (que eu saiba nem se conhecem) o vai convidar para inspector diplomático. Seria um mau começo se for verdade. O tal sujeitinho tem usado e abusado de um ficheiro secreto com porcarias feitas pelos seus colegas diplomatas do tempo em que foi secretário do inspector diplomático para lançar intrigas e chantagens contra tudo e contra todos. Está hoje em Berna depois de ter despejado de lá um velho colega a um ano da disponibilidade para ocupar o seu lugar pelo mesmo tempo.

Anónimo disse...

Ainda sobre a integração do AICEP no MNE ou vice-versa, veio-me ao espírito uma solução mais económica, mais reformadora e mais fácil de efectivar sob o ponto de vista administrativo. Trata-se de suprimir pura e simplesmente o AICEP (é uma simples agência do Estado que pode acabar como começou) e transferir as suas competências e o seu orçamento para a famigerada direcção geral criada pelo fantasita Freitas dando-lhe finalmente algum conteudo. Os Iceps que valham a pena passam para o quadro técnico do MNE como conselheiros económicos e os inuteis são dissolvidos com o organismo a que pertencem. Que tal esta ideia? Boa, não?
Albino Zeferino em dia de inspiração.