terça-feira, junho 21, 2011


Crise sistémica global – Outono de 2011 – O aguardado estoiro dos EUA (1/2)


Vários peritos mundiais anteciparam já a explosão das dívidas públicas ocidentais no segundo semestre de 2011, previsão de que oportunamente demos conta, nestas mesmas páginas (ver o que oportunamente referimos  aqui  http://pipiroom.blogspot.com/2011/06/previsivel-crise-global-no-outono-de_05.html e também aqui http://pipiroom.blogspot.com/2011/06/previsivel-crise-global-no-outono-de.html e em posts anteriores)

O processo deverá desenrolar-se sensivelmente com base na crise das dívidas soberanas europeias para em seguida passar ao epicentro do sistema financeiro mundial, ou seja  à dívida federal dos EUA, sem esquecer as dívidas estaduais, regionais e locais pendentes daquele país. Ao entrarmos no segundo semestre, depararemos com a economia mundial num caos total, um sistema monetário global cada vez mais instável, com as praças financeiras em situação desesperada, sem prejuízo dos biliões e biliões de dinheiro público investido precisamente para obviar a esta situação.
A recessão reinicia-se realmente com os EUA, a Europa, a China e a Índia irão na mesma esteira, todavia a um ritmo mais lento. A retoma, como parece estar mais do que provado, é totalmente ilusória e as empresas vão acumular capital para fazer face a dificuldades de tesouraria futuras para que não se repita o pesadelo de 2008, com os bancos falidos ou em vias de o serem.
A insolvência do sistema financeiro mundial, e antes de tudo do sistema financeiro ocidental, sobe à ribalta após um ano de politicas meramente cosméticas que pretendiam escamotear o problema de fundo inundando o mercado com liquidez artificial.

Em 2009, calculava-se que o planeta dispunha de 30 biliões de dólares (leia-se bem esta cifra à nossa maneira, sem quaisquer americanices de permeio) em activos-fantasmas. Cerca de metade evaporou-se em seis meses, ou seja entre Setembro de 2008 e Março de 2009. Resta, pois, a outra metade (15 biliões de activos-fantasma) e que irá presumivelmente desaparecer entre Julho de 2011 e Janeiro de 2012, deixando a conta a zero. E desta feita é a dívida pública que está sobre a mesa, porque contrariamente ao meltdown de 2008/2009 os principais actores foram os privados. Nesta ordem de ideias e a fim de melhor nos consciencializarmos do choque que se avizinha, atente-se que os bancos americanos começaram já a diminuir a utilização das obrigações do tesouro (T-bonds) para garantir as respectivas transacções, temendo os riscos crescentes de exposição à dívida pública dos EUA. A este respeito, registe-se que o Financial Times de hoje dá-nos conta que  a China, nos primeiros 4 meses do ano, começou a diversificar os seus investimentos afastando-se dos activos em dólares e presumivelmente comprando títulos da dívida soberna europeia (Grécia, Portugal, Espanha, Itália, entre outros), de acordo com estimativas do fStandard Chartered Bank. Assim e Segundo o mesmo jornal, “China’s foreign exchange reserves expanded by around $200bn in the first four months of the year, with three-quarters of the new inflow invested abroad in non-US dollar assets, the bank estimated.” Assiste-se, por conseguinte, a uma alteração importante em que se passa dos investimentos em dólares, designadamente em T-bonds  para os investimentos em títulos de dívida da Euro  zona.
Prevalece também uma certa atmosfera de “fim de festa” com o termo da QE2 (quantitative easing) e com a reentrada acelerada da economia em recessão.
O impacto do Outono de 2011, gerará aos agentes financeiros a nítida sensação de que o chão lhes foge debaixo dos pés, uma vez que os T-bonds, sustentáculos do sistema financeiro dos EUA e mundial, se afundarão abruptamente.
O problema não é de falta de confiança nas economias dos países ditos periféricos mas de falta de confiança no próprio coração do sistema.

Os dois aspectos mais perigosos da grande alteração prevista para o Outono de 2011, são os seguintes:
. o mecanismo detonador das dívidas públicas europeias
. o processo de  explosão da bomba das dívidas públicas dos EUA

Paralelamente, neste contexto de aceleração do reequilíbrio das relações de força à escala planetária, pode-se avançar com a previsão de um processo geopolítico fundamental relacionado com a realização de uma cimeira Euro-BRICS antes de finais de 2014.

Finalmente, temos de centrar as nossas recomendações no modo como evitar ser contaminados por estes 15 biliões de activos-fantasmas que serão derretidos nos  próximos meses, com uma menção especial no que toca à evolução do tandem bens imobiliários/taxas de juro na Europa.

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