sábado, junho 04, 2011

Diplomacia Tuga no Báltico


Passado já algum tempo desde a entrada dos 3 estados bálticos na U.E. (ex-repúblicas da U.R.S.S., antes da queda do muro de Berlim), Portugal decidiu abrir embaixadas em cada um deles, uma vez que a acreditação pelo processo de embaixadores não residentes em países terceiros na região – neste caso, na Dinamarca, Finlândia e Suécia -  havia-se revelado insuficiente. Por outro lado, o esquema de colocar um único chefe de missão num desses países, mas acreditado nos outros dois, foi considerado inadequado e arriscava-se a privilegiar uma capital em detrimento das outras, o que localmente não era aceitável.
Os países bálticos, sem prejuízo da sua pequena dimensão e da pouca expressão das respectivas relações bilaterais com Portugal, eram membros da U.E. e da NATO e Lisboa tinha que seguir com alguma atenção o que por lá se passava. Além disso, estes estados faziam fronteira com a Federação Russa, com relações amiúde crispadas com a vizinhança (ou seja, a própria Rússia e a Bielorrússia), numa região de instabilidade potencial.
Vai daí e há meia dúzia de anos fundaram-se embaixadas com embaixador residente nos 3 países bálticos – Estónia, Letónia e Lituânia.
Ora, se se criaram de raiz 3 embaixadas, pesaram-se certamente todos os prós e os contras, todas as implicações financeiras, as dotações em meios humanos, infra-estruturas e meios materiais necessários para o efeito. A análise e reflexão sobre o assunto foi certamente avisada e ponderada. A decisão de abertura não foi, certamente, tomada de ânimo leve, nem ao sabor do momento.
Passados 4 ou 5 anos, chegaram à conclusão que não, que tinham de fechar aqueles 3 postos, por razões obscuras que ninguém percebeu, só se ouvindo de quando em quando falar de dificuldades orçamentais e de “outras prioridades”.
Portugal debate-se uma crise grave, tem estado a escorregar no plano inclinado de há mais de 15 anos a esta parte. Logo, as dificuldades financeiras não são, nem nunca foram, de hoje. Assim, não se abrem da ânimo leve 3 embaixadas para se fecharem uns escassos 5 anos depois, mas estes são os rumos da nossa politica externa e de quem tão sabiamente a dirige.
Todavia, para não dar muito nas vistas. O Ministro "Prezado" (que, desta feita, felizmente, abandona de vez as Necessidades, para evitar perder-se com palavras ocas e discursos redondos, de que tanto gosta, irá, seguramente, fazer algo de mais concreto, ou seja, ...esculturas na ilha da Madeira..porque não uma estátua do Alberto João com a barriga saliente na praia do Porto Santo? ) está a desactivar lenta, mas seguramente, as embaixadas no Báltico.
Vejamos os factos e os factos são: (i) o secretário de embaixada, destacado em Tallinn (Estónia), com a absurda missão de fazer umas itinerâncias pelas demais capitais bálticas (esta não lembra ao careca...!), foi de há muito despachado para Estocolmo e por lá está e recomenda-se; (ii) Tallinn ficou apenas com a embaixadora Fátima Perestrelo, com uma secretária local e um motorista; (ii) Vilnius (Lituânia) tem o embaixador João Leitão, uma secretária administrativa do MNE e algum pessoal local (é a missão que tem mais gente – aí umas 5 pessoas, no total!); (iii) Riga (Letónia), com a saída de Niza Pinheiro para Bratislava não tem ninguém, à excepção de uma funcionária local de nacionalidade letã, que arranha o português e  que se limita a enviar a correspondência recebida para Lisboa. De vez em quando alguém vai a Riga para ver se a embaixada ainda está no mesmo sítio, se não houve por lá incêndio, terramoto ou qualquer outra calamidade.
 Aparentemente, todas as embaixadas no Báltico vão ser fechadas e volta-se à fórmula antiga (ou seja acreditação através de embaixadores residentes noutros países da região) , mas começa-se por esta operação de desactivação, pouco transparente, de contornos abstrusos e cuja conclusão, nem sempre fácil, poderá ser muito mal interpretada pelos governos locais. Fica, pois, para o governante que se segue. Ora toma!
Assim vai a diplomacia tuga, tão bem conduzida pelo "Despenteado"!
Tirem-me daqui. Isto é um mau filme!

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