EUA e a América Latina - a Administração Bush foi acusada de abandonar o seu backyard (pátio das traseiras), após os atentados do 11 de Setembro, sem prejuízo da primeira visita ao estrangeiro de George W. Bush ter sido ao México, do ex-presidente exprimir-se razoavelmente em espanhol e de, na fase inicial do seu primeiro mandato, ter manifestado inequívocos sinais de interesse em relação aos seus vizinhos do Sul. A América Latina seria, assim, uma prioridade da política externa de Washington e os anos seguintes constituiriam o “século das Américas”. Alguns dos objectivos foram-se clarificando: o free trade (os acordos de livre câmbio), a consolidação dos processos democráticos regionais, a luta anti-droga, a transição para a democracia em Cuba, as questões migratórias e o combate ao crime organizado, entre outros temas de agenda.
O 11 de Setembro vem baralhar as pistas e a atenção depressa se concentrou no Afeganistão e no Iraque, sobretudo neste último, enfoque que acabou por monopolizar totalmente a politica externa de Bush, no remanescente do primeiro mandato e no segundo.
Com a subida ao Poder de Barack Obama e comparando com a fase de arranque do seu antecessor, a retórica aparentemente não foi muito diferente, para logo de seguida ser também eclipsada pelas preocupações reais do mandatário norte-americano: ou seja, primeiro, a Economia, logo seguida, pela situação no Afeganistão. Não obstante, algumas acções concretas e vários projectos poderiam dar um novo impulso a uma relação, que não podemos deixar de sublinhar, é bidireccional. Temos, em geral tendência a observar a relação EUA-América Latina, numa óptica exclusivamente americana, ou seja, ou se acusa Washington de interferir nas nações do hemisfério ocidental ou se culpabilizam os ianques por desatenção e desinteresse em relação ao continente. O fenómeno, repetimos, é bidireccional e os estados latino-americanos têm a sua quota-parte de responsabilidade na matéria se querem efectivamente revitalizar a relação, com benefícios mútuos.
O final da “Guerra fria” redundou numa clara marginalização da América Latina, até porque a região não representava qualquer risco significativo para a segurança dos EUA, o que se traduziu numa redução substantiva da ajuda económica e da cooperação militar. A administração Clinton foi incapaz de inverter esta tendência ou fê-lo de modo muito superficial e não estruturado.
Das prioridades enunciadas pela Administração Bush, apenas se mantiveram as que se enquadravam na nova agenda internacional do Executivo americano, designadamente as ameaças contra a segurança e estabilidade dos EUA, a luta contra o narcotráfico na Colômbia, as pressões sobre o regime castrista, o emprego de tropas no Haiti - para rapidamente passar a “bola” ao Brasil e ao Chile -, e o reforço do controlo fronteiriço com o México.
A iniciativa ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), devido às reticências de alguns estados latino-americanos, passou para segundo plano, sendo privilegiadas as negociações bilaterais e regionais de livre câmbio.
No início do segundo mandato de Bush voltaram a pôr-se sobre a mesa os temas da agenda regional dos EUA, em especial dada a importância crescente do eleitorado hispano para as eleições presidenciais de 2008.
A ascensão de líderes de esquerda em muitos países das Américas (na Argentina, no Equador, no Brasil, no Uruguai, no Chile, na Guatemala, etc. sem esquecer os casos bicudos de Cuba, da Venezuela e da Bolívia) e a relativa indiferença, ou mesmo, desinteresse de Washington, pelos problemas da região conduziram a um sentimento anti-americano muito generalizado nas Américas. Muitos, ressentidos, criticaram asperamente o interesse ianque por países situados a milhares de quilómetros de distância, sem qualquer preocupação aparente pelas questões latino-americanas, bem mais próximas e candentes.
O triunfo de Barack Obama não despertou grande entusiasmo nas populações, mas acalentou algumas expectativas a nível dos líderes.
A verdade é que Obama desconhece em grande parte o dossier latino-americano, região que nunca visitou. lAs suas preocupações foram – e são – outras: a crise económico-financeira, e os desafios que se divisam em países como o Iraque, Afeganistão e Irão
Em conclusão, apesar das boas intenções iniciais da Administração Obama não tem sido possível avançar com novos projectos para a América Latina, até porque, na conjuntura actual, não há dinheiro. Obama tem difundido mensagens meramente simbólicas e retóricas em relação à região. A recente tournée da Secretária de Estado Hillary Clinton pelo hemisfério quer demonstrar que o Governo dos Estados Unidos deseja reforçar os laços com a América Latina com algo mais do que meras boas palavras e boas intenções. Sem prejuízo, a tournée foi precedida por uma nova iniciativa de integração latino-americana que receberá o nome de Comunidade de Nações da América Latina e Caraíbas, integrada por todos os países da região, com excepção dos Estados Unidos e do Canadá. Todavia, as mensagens contraditórias de que os estados latino-americanos têm feito eco no que toca à sua relação ou à visão que têm dos EUA não ajudam a estreitar os vínculos. A bidreccionalidade terá de prevalecer se ambas as partes querem recolher os respectivos benefícios.
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