Euro: a situação é grave – Em queda livre, o euro aproxima-se rapidamente de um recorde de 9 meses na sua paridade com o dólar norte-americano. A este respeito, a chanceler Angela Merkel em entrevista ao FAZ (Frankfurter Allgemeine Zeitung) admitiu que o “euro encontra-se, pela primeira vez, desde que foi criado numa situação difícil”. Esta pequena frase é sintomática da gravidade da situação em que vivemos. Subsistem, pois, fortes preocupações – que, infelizmente, não se dissipam - de que a crise grega possa ter um efeito de dominó nos países da Europa Meridional, com os investidores altamente desconfiados com os mercados obrigacionistas de Portugal, Espanha e Itália.
Muitos argumentaram que a crise expôs uma debilidade estrutural da moeda comum europeia, que é uma explicação lapaliciana, como todos nós sabemos.
Mas pergunta-se: o que é que, em concreto, se poderá fazer? Existe um conjunto de soluções para a crise financeira grega, actualmente, no centro do debate: umas boas, outras más e outras, no mínimo incertas, em termos dos resultados. Enquanto alguns líderes europeus acreditam que a união monetária, por si só deverá poder resolver o problema grego, outros, pelo contrario, pretendem trazer a terreiro um “parceiro” mais duro – o FMI. Aparentemente as autoridades helénicas comunicaram às adequadas instâncias comunitárias informação infundada e não escorada em dados estatísticos fiáveis, quando da respectiva adesão ao Euro. Afigura-se como altamente provável que, para já, o Eurostat e outros organismos comunitários irão dispor de maiores poderes para poderem verificar e aferir tais informações no futuro. Esta é a panaceia preventiva da “gripe” que não resolve, porém, os problemas de fundo actuais.
Seja o que fôr, qualquer solução será necessariamente complicada e esta asserção é eufemística. É preciso não esquecer que o Tratado de Maastricht contem uma cláusula de não assistência financeira que estipula, claramente, que nem os demais estados membros nem o BCE (Banco Central Europeu) podem fornecer ajuda financeira directa a um outro Estado Membro em dificuldades sob a forma de empréstimos.
No final da semana passada, os comentadores e especialistas alemães debatiam afanosamente a repartição de culpas e a procura de responsáveis. Pura perda de tempo! Fazer rolar cabeças é fácil e satisfazer o nosso ego com uma operação detectivesca não é uma tarefa impossível, mas resolver o que está sobre a mesa, é outra história.
Como é que a Grécia vai ser do sarilho em que se meteu, como prevenir problemas similares no futuro e, para já, evitar a propagação da doença.
Dada a situação em que nos encontramos este último ponto toca-nos particularmente.
A greve geral da função pública de ontem vem debilitar-nos ainda mais e se diferenças existem em relação à situação grega, o certo é que nos aproximamos em trote acelerado de Atenas enfraquecendo ainda mais a nossa fraca argumentação e pondo em causa, injustificadamente, o Euro. A greve não poderia ter vindo em pior momento e teve lugar, egoisticamente, para defender estultos interesses corporativos completamente descabidos no momento que atravessamos, pondo em causa – e de que maneira - os interesses nacionais.
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