domingo, março 06, 2011


Portugal na Encruzilhada (3/4)

         O economista Álvaro dos Santos Pereira, professor da Simon Fraser University em Vancouver (Canadá) apresenta-nos no seu blogue (http://desmitos.blogspot.com/) uma série de gráficos que ilustram bem a situação actual do nosso país em termos de indicadores macro-económicos, comparando-os com os do passado, de que passo, apenas a resumir as principais conclusões:
1) A média do crescimento económico é a pior dos últimos 90 anos
2) A dívida pública é a maior dos últimos 160 anos 
3) A dívida externa é, no mínimo, a maior dos últimos 120 anos (desde que o país declarou uma bancarrota parcial em 1892) 
4) O desemprego é, no mínimo, o maior dos últimos 80 anos. Temos 610 mil desempregados, dos quais 300 mil são de longa duração
5) Voltámos à divergência económica com a Europa, após décadas de convergência 
6) Vivemos actualmente a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos 
7) Temos a taxa de poupança mais baixa dos últimos 50 anos (in http://desmitos.blogspot.com/2011/02/razoes-para-censura.html)
Nem só de pão vive o homem. Dizem-me que há muito mais para além da economia e há que se ter em conta outras dimensões. Por exemplo e em brevíssima síntese:

a) As liberdades de expressão e individual (poder falar livremente e sem entraves, dizer uma larachas, ter os media que temos, permitir o casamento dos gays, etc)
b) Educação, sim, temos muitas licenciaturas e licenciados ( a maioria dos quais sem emprego ou com uma profissão aleatoriamente remunerada, quando muito a nível da mera subsistência), mas a qualidade de ensino melhorou? Todos sabemos de ginjeira a resposta a esta pergunta. Com esse superavit de licenciados, o certo é que a produtividade em nada beneficiou (continua exactamente na mesma) e o desemprego continua  a aumentar.
c) Saúde, é um direito constitucional. Em teoria todos têm acesso gratuito, mas será mesmo assim? Apesar do nosso honroso 6º lugar à escala mundial, em termos de cuidados primários de saúde, dispomos de um sistema extremamente oneroso, a que este governo e os que se lhe seguirão querem pôr termo. Trata-se, com efeito, do sistema de saúde mais caro da Europa (per capita e em % do PIB). Como é que se desata o nó górdio?
d) Justiça, existem vários países do 3º mundo que nos dão lições nesta área. É difícil fazer-se pior e, nesta matéria, como dizia, há tempos, Antóno Barreto, diferentemente da Saúde ou da Educação, não existem alternativas (naqueles sectores pode-se pagar e obter melhores serviços, na Justiça é impossível, só pagando a pistoleiros). A administração da Justiça é o veradeiro cerne da questão, porque não funcionando põe em causa todo o sistema. 
e) Solidariedade, pois agora temos o Estado social...mas parece que só deu para alguns, para a geração dos “novos amanhãs que cantam” que se queixava da injustiça social. Vai daí e montou um sistema que consumiu os recursos da geração anterior e da seguinte em beneficio próprio. Já papou as reservas acumuladas ao longo de 40 anos de equilíbrio das contas públicas, as receitas (roubo?) das privatizações  aos fascistas e capitalistas barrigudos de outrora, a lotaria Europeia e outras amenidades e ainda assim deixa uma dívida que hipoteca definitivamente esse mesmo sistema para o futuro. Justo... sim, senhor... podem limpar as mãos à parede...
e) A Imagem exterior, as nossas principais referências já não são a Amália e o Eusébio, mas, agora,  o Cristiano Ronaldo 7 e o Mou.  

É forçoso dar a volta  a isto!

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