Manifestando-se "grata" ao primeiro-ministro português pelo trabalho feito na consolidação das contas públicas, Angela Merkel lamentou que as novas medidas de austeridade não tenham sido viabilizadas pelo Parlamento, criticando implicitamente os partidos da Oposição lusitana
Segundo os relatos dos media, a chanceler alemã em declarações à agência de informação financeira Bloomberg, disse estar "grata a Sócrates" por tomar a responsabilidade das contas públicas do seu país. A líder alemã lembrou que as novas medidas tomadas pelo Governo português para reduzir o défice orçamental foram de "longo alcance" e apoiadas pelo Banco Central Europeu (BCE) e pela União Europeia.
Ora bem, o PEC 4 foi chumbado por 5 dos 6 partidos com assento parlamentar, que vão da direita à esquerda, com todos os matizes de permeio. Quem não percebeu isto, não percebeu mesmo nada e de democracia sabe ainda menos. Está-se perante uma rejeição quase unânime de uma austeridade imposta por erros deste governo e dos que o precederam e o Povão tem de pagar uma pesadíssima factura verdadeiramente insuportável e de injustiça flagrante. Mais. Temos diante de nós um Primeiro-Ministro que necessitava de apoios como do pão para boca e que tudo fez para os não ter, ou seja e sejamos claros: consciente, deliberada e malevolamente Sócrates provocou a crise, para não ter que assumir as suas culpas nesta situação, que é em larga medida uma criação sua. Não se trata de uma birra ou de um amuo dos partidos da Oposição, mas de uma posição séria. É todo um país que quer mandar Sócrates e o seus grupo de cafagestes, como por aqui se diz, you know where.
É claro - e perdoe-se-me o aparte - temos de mudar de sistema. Temos de mudar tudo. Temos de ir para a rua e fazer a revolução, mas até lá - e ainda falta percorrer the extra mile - pelo menos temos que dar um chuto nesta cambada. É um primeiro passo, muito insuficiente, é certo, mas necessário.
Voltando à vaca fria:
A Europa é composta por 27 países e que se saiba não é uma quinta alemã da Baviera ou do Bad-Wuertemberg. Os países da zona Euro não adoptaram o marco como sua moeda, muito embora o Euro, seja uma sua reencarnação, o último avatar germânico. Quem é Merkel para dar recadinhos na Tugalândia? Já sabemos que vivemos num regime de soberania limitada, mas isto vai muito claramente para além das marcas.
Para a chanceler, tudo estava a correr bem e Sócrates obedecia fielmente às suas ordens, complementando-as com o arranjinho estabelecido com a Comissão Europeia e com o Banco Central Europeu, portanto, eis senão quando somos, subitamente, confrontados com uma atitude de total irresponsabilidade por parte dos parlamentares lusos, uns rústicos e uns tótós.
Será que o embaixador alemão em Lisboa não informou Berlim do que se estava a passar? Então está aqui a fazer o quê?
É preciso que Merkel e outros se convençam que Sócrates não é o Conde D. Henrique, que Portugal não é o Condado Portucalense, ou um qualquer feudo no sudoeste da Europa e que não deve vassalagem à Sacra-Imperatriz Romano-Germânica.
Deixem-se de merdas!
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