Construção da Europa e egoísmo nacionalista 1/5 -
Após várias semanas de hesitação, em nosso entender fatais para a sorte da crise financeira global, do Euro e da própria Europa, cujas repercussões, ainda agora mal se começaram a esboçar, os alemães, detentores da chave do problema, lá se decidiram, ainda que relutantemente, a apoiar em termos financeiros a Grécia, mas, com a quase certeza de que Merkel perderia, como perdeu, as eleições cruciais na Renânia-Norte Vestefália, deixando a CDU de ser maioritária no Bundestag.
Neste gesto, a Alemanha e outros parceiros (França e não só) pressionaram de forma musculada alguns países – Espanha, Portugal, Itália e Irlanda – a porem de imediato a casa em ordem. No caso português, o aldra-bilhas Sócrates meteu os pés pelas mãos e depois de ter dito 478 vezes que não aumentava impostos lá se viu forçado a fazê-lo, depois de ter dito que as grandes obras iam para a frente, só uma avança (a do troço do Comboio de Alta Velocidade Poceirão-Caia, presumindo-se que os passageiros seguem do Poceirão para o Barreiro em comboio a vapor e, em seguida, de cacilheiro para o Terreiro do Paço). Sócrates desdiz-se e mentiu mais uma vez, mas, meu Deus, são tantas as mentirolas...
Os alemães, irritados, não quiseram ajudar os gregos, nem querem ouvir falar no pacote dos 600 mil milhões de euros para acudir aos fogos que irão eclodir um pouco por toda a parte e que serão muitos. Na lógica germânica: se o problema é grego, os gregos que o resolvam. Para o homem da rua na Alemanha, o problema não é, pois, europeu. A óptica grega expressa-se exactamente no sentido oposto, entendendo que os problemas gregos são problemas europeus, razão pela qual aderiram à U.E. First things, first!
Trata-se de uma problema que não é exclusivamente grego, mas comum a todos os países que aderiram à U.E., designadamente os da Europa meridional e da Europa central. Neste momento, emergem com maior mediatismo – e por razões que se conhecem - os problemas mediterrânicos, mas na Europa central e oriental são idênticos.
Esta questão é fulcral para o futuro da U.E.
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