quarta-feira, maio 26, 2010

Cenários hipotéticos: a Polónia , mais uma vez, em sanduíche; a  Alemanha pós-U.E. e a opção russa (2/4) -A União atravessa uma crise existencial, agora em pleno período de vacas magras. Não é só a Grécia ou os PIIGS, mas quem deve o quê a quem, quem controla realmente a U.E., quem deve pagar, quem deve receber, o que é que a U.E. realmente quer, quem manda, quem define as regras do jogo... Na época das “vacas gordas” tudo ia bem, mas na actual conjuntura – e na ausência notória de qualquer espírito “europeu” ou algo que se lhe assemelhe - ninguém quer pagar, sobretudo os alemães, que, como se sabe, têm entre mãos a chave do problema.  Os contribuintes alemães não querem pagar – já o dissemos n vezes em mensagens anteriores –, uma vez que, na sua óptica, não é um problema alemão, nem tão-pouco o entendem como um problema europeu. É uma questão que diz, única e exclusivamente, respeito aos faltosos. Se estão na insolvência, o problema é deles.
Se acaso os alemães atirarem com a imprescindível bóia de salvação (aliás, já anunciada), querem então definir muito bem as regras do jogo para que a situação não se repita.
Ora, se não existem obrigações mútuas entre os Estados-membros da U.E. e se alemães e gregos não querem, os primeiros pagar e os segundos submeter-se aos ditames germânicos, suscita-se, de imediato, a questão de saber o que é que a Europa quer ser – para além da zona de comércio livre que já é (no conceito puramente  britânico ou anglo-saxónico do chamado “Mercado Comum”). Esta questão não é despicienda e ultrapassa em muito o problema  da sobrevivência ou não do Euro.
Mito provavelmente, a U.E. e o euro deverão sobreviver à crise – sem embargo, não é impensável que isso não possa vir a acontecer . É preciso não esquecer que a 27 as crises e as tensões serão permanentes  e a Europa não dispõe dos mecanismos para responder eficazmente a esses desafios que se vão multiplicar. Mais. Com a negociação e aprovação do Tratado de Lisboa ficou provado ad nauseam que o processo de integração europeia não pode dar mais passos em frente, nem a opinião pública europeia está minimamente de acordo com essa intenção. Neste particular, o  “Stop” é, pois, definitivo, por um período muito dilatado,  que, com cada dia que passa, se adivinha, mais e  mais longo.
A U.E. poderá não ser mais que uma mera aliança de conveniência  construída em torno de meros benefícios económicos, negociados e renegociados entre parceiros. Assistir-se-á, em nosso entender a uma involução: passamos da União para um mero Pacto, que gravitará em torno de interesses egocêntricos, sem qualquer visão de construção de um qualquer futuro comum a 27 ou mais parceiros. 

  

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