segunda-feira, maio 10, 2010

Afeganistão: os dividendos da droga subsidiam o esforço de guerra dos talibãs – É um facto indesmentível que o dinheiro da droga está a subvencionar em larga escala os talibãs, levando-os a uma beligerância cada vez mais ousada. Todavia, os EUA alteraram a respectiva politica no terreno, ou seja deixaram de erradicar as plantações de papoilas – donde se extrai a quase totalidade da proudção de ópio, heroína e derivados (93%) passando a combater directamente os traficantes. Cerca de 50 têm ligações conhecidas aos talibãs.
Apesar das críticas internacionais ao mais alto nível, o Afeganistão vive do tráfico de droga, em todos os escalões da sociedade, designadamente a nível do Governo. Todavia, os EUA estão a de algum modo a fechar os olhos ao cultivo e produção de opiáceos – uma das principais fontes de corrupção, da má gestão do pais e de desrespeito mais elementar pelas regras do Estado de direito – procurando combater os traficantes de uma forma mais directa. A produção de droga terá aumentado 40 vezes desde a eclosão da guerra, sem embargo da presença expressiva das forças internacionais. Não obstante, enquanto os camponeses afegãos auferem cerca de mil milhões de dólares com a produção, os talibãs e a al Qaeda deverão lucrar qualquer coisa como 4 mil milhões de dólares. Logo, a principal fonte de financiamento dos talibãs centra-se na droga.
A coligação pouco tem conseguido nesta área  enquanto a corrupção alastra a todos os níveis pelo pais e pelo vizinho Paquistão.   
A erradicação da droga através de herbicidas e a opção por culturas alternativas pode ser uma das soluções para apressar o fim da guerra e do narcoterrorismo, permitindo o regresso das forças estrangeiras aos seus países de origem, muito embora implique investimentos avultados em termos da implantação de novas culturas. Suscita algumas interrogações a actuação tardia de Washington  nesta matéria, porquanto os EUA são o principal pais consumidor de droga, quem mais sofre os respectivos efeitos  e, por outro lado, como se sabe, a primacial força combatente estrangeira no Afeganistão.
Por outro lado, o combate aos narcotraficantes pode revelar-se um importante elemento complementar neste combate, permitindo abreviar o esforço de guerra, quer militar, quer financeiro, mas não pode, porém, constituir o objectivo estratégico principal.

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