PESD, PESC, Deutscland über alles ou everyman for himself?- Berlim está tranquilamente a implementar a sua política bilateral, vejam-se os casos das suas recentes aproximações à Turquia e à Rússia, estando-se totalmente nas tintas para a U.E. e para a auto-proclamada politica externa comum que não é, por ora, coisa alguma. A Alemanha já foi acusada de miopia e até de “traição”, mas a verdade é que, com 27 estados-membros com interesses tão díspares e desencontrados, na inexistência de consensos, não pode, por conseguinte, delinear-se, como tal, uma politica externa comum da U.E. É elementar, meu caro Watson! Quem afirmar o contrário coloca-se numa posição de beatífica, panglossiana e perigosa ignorância. Assistimos, naturalmente, em período de crise acentuada, a uma reemergência do nacionalismo. Não só na Alemanha, mas um pouco por toda a parte. Trata-se de um nacionalismo racional e que começa a fazer algum sentido nas massas.
Em suma, a U.E. funcionou em período de paz e prosperidade e, com algum idealismo ingénuo à mistura, podia arrogar-se a pensar que tinha (ou ia ter) uma politica externa comum. Em período de crise –e, principalmente, quando a Alemanha se vê quase obrigada a pagar pelos erros dos outros (v.g., o caso grego) – a U.E. começa a ser vista com indiferença, quando não como uma nuissance ou pior do que isso como um obstáculo de peso que a nada conduz. Os alemães começam hoje a questionar-se seriamente sobre a sua pertença à U.E. e se não valeria mais a pena navegar sozinhos. Não, não é este por ora o discurso oficial, mas lá chegaremos.
O que é que fazem o Presidente Rompuy e a nova Alta Representate da Politica Externa, Lady Ashton? Nada, porque existe um bloqueio institucional, não declarado, mas real. Pode a U.E. intervir em qualquer ponto do globo? Tem uma politica mínima e consensualmente aceite para Cuba, Myanmar ou para a Somália?
A U.E. não é mais que uma união aduaneira, um vasto mercado sem grandes barreiras e um aglomerado de normas burocráticas aceites e impostas a contragosto por e a 27 estados. Não tem peso, não tem politica, não tem alma.
Numa Europa dividida (e venham-nos dizer que não é assim), a opção do everyman for himself acaba por ser a única alternativa e por fazer todo o sentido
Será que as coisas vão mudar? Meu Deus, mas quem é que acredita no Pai Natal?
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