quinta-feira, abril 01, 2010

Guiné-Bissau : Golpe, pseudo-golpe ou lá o que é - O Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior e o CEMGFA, José Zamora Induta, foram hoje  detidos e feitos reféns por militares armados. O ex-Chefe de Estado Maior da Armada, Bubo Na Tchuto, refugiado nas instalações da ONU em Bissau e acusado no passado de tentativas de golpe de estado, regressa ao Poder. António Indjai, vice-CEMGFA passa de imediato a CEMGFA. Está-se perante uma alteração da ordem constitucional da Guiné-Bissau (mais uma) pelos militares, todavia todos se apressam a dizer que "não houve golpe de estado". Então houve o quê? O Presidente da República, Malan Bacai Sanhá,  minimiza o assunto e diz que houve "alguma confusão entre militares" Há ameaças por parte do recém-libertado Bubo Na Tchuto, diante dos mídia, de recurso à força e de se poderem vir a perpetrar "barbaridades", contra a população civil que veio para as ruas defender a ordem constitucional.  O Primeiro-Ministro  está sob"controlo dos militares". O que é tudo isto senão um golpe de estado? Ou é mais um acto, cena ou sub-cena,  da tragicomédia absurda, recheada  de episódios gravíssimos,  em que se transformou a Guiné-Bissau, de há uma dúzia de anos a esta parte, ou, se se quiser, desde sempre.
O Governo português pela boca do Ministro Silva Pereira, mostrou-se "preocupado". Na verdade, só se deve mostrar preocupado pela sorte dos portugueses que estupidamente ali se encontram, não sabe muito bem a fazer o quê e para quê. Porém, pela habitual instabilidade da Guiné-Bissau não se deve mostrar preocupado. Faz parte da rotina e da paisagem: sempre foi assim e há-de continuar a sê-lo. Trata-se de um problema a ser resolvido pelos guineenses. Não temos nada a ver com o assunto, nem nos devemos preocupar muito como isso. A quem é que realmente interessa a Guiné-Bissau?
Luis Amado, com o seu ar enjoado, veio à televisão fazer mais um discurso redondo, em que nada disse, nems se esperava que dissesse, nem jamais vai dizer. A CPLP está preocupada. Preocupada com quê?
Vamos  ser claros. Sabe-se perfeitamente que tudo isto gira à volta do narco-tráfico em que estão envovidos António Indjai, Bubo Na Tchuto e outros militares. A plataforma para o trânsito da cocaína constitui a grande fonte de riqueza da paupérrima Guiné-Bissau. O resto é conversa fiada. À mistura, temos o factor étnica: a maioria do oficialato é balanta e próximo do "louco" Koumba Yalá. Logo, aqui estão os ingredientes que explicam tudo: militares revoltados, balantas na sua esmagadora maioria, envolvidos no narco-tráfico. Any more questions, please?

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