segunda-feira, abril 05, 2010

América Latina e Portugal - existe uma estratégia lusa de relações externas para a Ibero-américa?  (1/3) - A propósito do que aqui escrevemos sobre a política externa de Washington em relação aos seus vizinhos do sul, vamos ao longo dos dias que se seguem esmiuçar um pouco a questão que levantámos e começamos com os factos:
- Portugal dispõe exactamente de 9 embaixadas na Ibero-américa: Bogotá, Brasília, Buenos Aires, Caracas, Havana, Lima, México, Montevideu e Santiago do Chile.
- Estas missões cobrem 32 estados da América do Sul, Central e Caraíbas, em que os respectivos  Chefes de Missão são, via de regra, acreditados de uma forma bizarra a saber:

  • Caracas, o embaixador Caetano da Silva tem a seu cargo 10 países, a maioria caribenhos (Venezuela, Antigua e Barbuda, Barbados, Grenada, Guiana, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Grenadinas, Suriname, Trindade e Tobago e Jamaica
  • Buenos Aires - o embaixador Ferreira Marques tem sob a sua alçada apenas a Argentina e o Paraguai.
  • Cidade do México - o embaixador Falcão Machado, para além do México (o 2º país e a 2ª economia da América Latina)  partilha com o seu colega de Bogotá quase toda a América Central, cabendo-lhe em sorte: Belize, Salvador, Honduras, Guatemala e Nicarágua e ainda tem tempo para a República Dominicana.
  • Bogotá - Augusto Peixoto, residente na Colômbia, tem ainda 2 países da América central (Panamá e Costa Rica), mais o Equador e duas ilhas das Caraíbas Dominica e Santa Lucia.
  • Havana, onde pontifica Luis Barreiros, para além de Cuba é também acreditado no Haiti.
  • Lima, que tem como chefe de missão Bessa Lopes, encarrega-se do Peru e da Bolívia
  • Santiago do Chile - Paes Moreira  tem a seu cargo Chile. Ponto final.
  • Montevideu, o mesmo sucede com Luísa Bastos de Almeida que se fica pelo Uruguai
  • Brasília,também aqui, João Salgueiro, não tem mais cartas no baralho, para além do imenso Brasil.
Como vemos, a América Central é partilhada entre Bogotá e a Cidade do México e as Caraíbas servem um pouco para todos os estados ribeirinhos onde temos embaixadores residentes. Se a lógica, da cobertura em quadrícula na América Central e Caraíbas nos escapa, na América do Sul a confusão é maior não se atinando com o acerto ou desacerto das acreditações: a uns não lhes cabe nada na rifa (Uruguai, Chile e Brasil - aqui até se compreende por todas as razões e mais alguma) para os demais há apenas a acreditação num dos países limítrofes.
Noutros tempos - há mais de 3 décadas -  tivemos embaixadas em São José da Costa Rica e em La Paz (Bolívia). Em relação à América Central, o mínimo que se pode dizer é que estamos perante uma cobertura extremamente deficiente e mal articulada. Quanto aos demais países, a América do Sul mereceria mais uma embaixada, pelo menos em Asunción, tendo em conta os vastíssimos interesses e investimentos sobretudo no sector agro-pecuário do Banco Espírito Santo no Paraguai ou talvez no Equador, um país que começa a emergir. Nas Caraíbas, o nosso interesse é naturalmente reduzido.
De registar que o Brasil - a potência sub-regional por excelência tem embaixadas (entenda-se full-fledged embassies)  em todos - sublinhamos todos - os países das Américas e Caraíbas. 
A Espanha tem, muito naturalmente, em todos os países de língua espanhola, sem excepção e mais uns tantos, aqui e além
Voltaremos ao assunto em próximos capítulos.

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