quinta-feira, junho 10, 2010

Sermão contra as Armas da Holanda


Sou quase tentado a parafrasear a célebre prédica do Padre António Vieira, mas é melhor passarmos adiante.
Existe, agora, um conjunto de países da Eurolândia, cuja população em inquéritos de opinião pública e quando vai a votos exprime-se significativamente contra o Euro. Ainda, ontem a Holanda votou em partidos que são contra a moeda única e preferem fazer marcha atrás e voltar ao florim. Os alemães também não querem. E a fila não acaba aqui. Ninguém quer subsidiar o Sul, pobre e coitado. Nem tão-pouco o Centro, ou o Leste. Em tempos de vacas gordas ninguém se queixava, antes pelo contrário. Agora, perante a debilidade e magreza das vaquinhas que já não dão leite, querem acabar com isto. Pois, que acabem!
Numa entrevista extraordinária transmitida pela "Euronews" dizia uma senhora holandesa que o Sul está a pôr em causa o sistema social que lhes deu tanto trabalhinho a conseguir. Não fala dos gastos dos sistemas de saúde, de previdência, etc... hoje, clara e manifestamente,  incomportáveis. Não fala da engorda das suas vacas, à custa dos imigrantes e das exportações para onde...para o Sul e para o Leste. Não fala da quebra de natalidade e do saldo fisiológico negativo. Não fala da mudança dos tempos e que a Europa deixou de ser, desde há muito, o centro do mundo. Não fala da quebra de valores éticos bem patente nas ruas de Amsterdão ou de Roterdão(Quem não conhece o "Red Light District"?) Não falam dos males que verdadeiramente os afligem e atribuem as culpas aos outros (que também as têm, niniguém o nega). 
Que é feito do espírito europeu? 
Que é feito da solidariedade? 
Que é feito desta construção que se pretendia política de uma Europa cada vez mais consistente, mais unida e fraterna?
A Europa, como conceito, como ideia de força mobilizadora e criativa acabou, morreu, desapareceu, mas ninguém quer ainda comprar um ramo de flores para o enterro, nem sequer mudar de roupa para ir ao funeral, pelo menos com uma vestimenta mais escura.

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