Em quem votar? 2/2
Como muito boa gente ainda se orienta por essas noções algo primárias de esquerda e direita – e sem embargo da minha falta de fé nesses dogmas -, penso que me situo num estreitíssimo quadrante de “centro” (para facilitar a vossa leitura e reflexão), considerando-me mesmo um “radical de centro”, que me seja relevado o paradoxo. Por outras palavras, não me reconheço nem na esquerda, nem na direita tradicionais, que para mim não fazem qualquer sentido. Sou totalmente agnóstico em relação à partidocracia dominante, exclusiva, abrangente, sufocante e oligárquica.
· Acredito, isso sim, que a cidadania tem de estar plenamente representada no sistema político e não está.
· Acredito e defendo, contra ventos e marés, o Estado Social, muito embora tenha de ser adaptado ao nosso tempo e às condições objectivas da nossa sociedade.
· Acredito, com todas as minhas forças, na imprescindível moralização da nossa vida pública e que os prevaricadores têm de ser punidos.
· Acredito, pois, que tem de haver um grau mínimo de honestidade na política, ou seja que certas verdades têm de ser ditas doa a quem doer. É no fundo o discurso Churchilliano do “sangue, suor e lágrimas” – não ganha votos, mas é imprescindível num momento de crise grave. Nesta encruzilhada, o povo chegou a um ponto tal, em que está farto de mentiras e aceita as verdades, por mais duras que elas sejam. Mentir é pior. Revela-se totalmente contraproducente. Resta convencer Sócrates, os seus amiguitos e fellow travellers desta evidência.
· Acredito que o sistema tem ser reformulado de alto a baixo, garantindo uma maior voz à cidadania, às organizações não governamentais, aos núcleos de base, ao homem da rua (isto não é demagogia, é a democracia real e é possível!). Não podemos estar sujeitos à partidocracia dominante e que tantos prejuízos nos tem trazido. É difícil, mas é possível. Esta classe política tem de ser erradicada de vez. À direita, ao centro e à esquerda, é uma gente gasta, irreciclável e sem possibilidade de recuperação.
· Finalmente, acredito que atingimos uma encruzilhada a que o Poder político (leia-se, toda a classe política conhecida, sem excepções), que dispõe de pouca (ou nenhuma) credibilidade, é incapaz de responder. A questão principal é o próprio regime. É este que está em causa e sem qualquer possibilidade de redenção. Podemos afirmar, sem grandes hesitações, que o ciclo se esgotou. Nesta conformidade, temos de construir nós próprios o nosso futuro, o dos nosso filhos e dos nossos netos.
Será isto que realmente queremos? Quanto mais tempo teremos de suportar esta canga?
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