A crise iminente do dólar norte-americano (1/2)
Não é preciso ir à bruxa, nem consultar as cartas de tarot, para prever que a crise do dólar, ou o modo como as perturbações na moeda dos EUA caracterizarão o termo do QE2 (Quantitative Easing 2) no segundo trimestre de 2011, irão seguramente constituir o início de uma desvalorização maciça (30%, no espaço de meia dúzia de semanas), com repercussões à escala mundial..
A inflação nos EUA situa-se presentemente em cerca de 10%. Seria este o número a anunciar oficialmente, se acaso as autoridades norte-americanas utilizarem a mesma metodologia que era usual antes de 1980, no momento em que Paul Volcker, então presidente do banco central (Federal Reserve), rebentou com a espiral inflacionária que varria o país.
Todavia, infelizmente, os dados estatísticos oficialmente disponíveis estão a ser manipulados porquanto utilizam metodologias disparatadas que foram adoptadas na era Reagan e permaneceram alegremente até hoje nas páginas dos media, fazendo fé como a Bíblia. As estatísticas a utilizar, porque mais próximas da realidade e seguindo metodologias anteriores à era Reagan, com padrões reconhecidos e fiáveis, são as do site ShadowStats. A este respeito, é interessante notar que alguns dos meios de comunicação social económico-financeiros, como por exemplo, a CNBC, dedicam-lhe crescente atenção.
A inflação nos EUA tem-se acelerado (oficialmente, cifra-se abaixo dos 4%, mas no ShadowStats aproxima-se, cada vez mais, dos 10%) e alguns líderes da finança norte-americana, como o CEO da Wal-Mart, assim o admitem. O QE2, no fundo a disponibilização de dinheiro à banca pela Federal Reserve, garantindo-lhe liquidez, quer, principalmente, através da injecção de “reservas” por via electrónica, quer pelo velho método de impressão de notas, está a ter um efeito devastador em termos de preços dos bens de consumo, designadamente dos produtos alimentares. A curto ou médio prazo, podemos entrar numa situação de total descontrolo do IPC.
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