sexta-feira, maio 27, 2011

Em quem votar?  1/2



Os portugueses estão perante eleições decisivas em que, a bem dizer, não dispõem de grandes opções:
-       de um lado, têm um trio com um programa comum – O chamado Memorando de Entendimento com a troika (Portugal: Memorandum of Understanding on Specific Economic Policy Conditionality de 3 de Maio de 2011)
-       e do outro 2 partidos ditos de esquerda, com programas e ideias inexequíveis que se opõem ao trio, global e individualmente, ou seja de per si.
As diferenças entre os três partidos do trio com o dito programa comum (os programas próprios de cada um não interessam a ninguém e não são verdadeiros programas – são apenas folhas de papel, para uma leitura em diagonal, desatenta e bocejante) são apenas detectáveis em função das personalidades que dirigem e integram os diferentes partidos, de estilos e de alguns pormenores e matizes de governação futura. Portanto, na da de verdadeiramente relevante.
O Memorando traça um programa para os próximos anos que o trio assume e a que não pode fugir. Quanto ao mais, nenhum dos elementos do trio tem ideias e muito menos quaisquer luzes para o médio e longo prazos. É deixar correr o marfim. Ponto final.
Quanto às duas pequenas forças de oposição (comunistas e bloquistas) podem dizer o que lhes vier à cabeça, pois, com mais demagogia ou menos demagogia, mais protesto ou menos protesto, jamais se sentarão na cadeira do poder e sabem-no. Quem quiser jogar no desconhecido, emitir um voto de contestação ou de sanção, ou pura e simplesmente desperdiçar  o seu voto pode votar no bloco ou na CDU. Se votar nas pequenas formações partidárias, nulo ou em branco é quase a mesma coisa. A diferença – pequena diferença - é que no bloco ou na CDU terá representantes na Assembleia, nos outros, nem isso. Logo, não servem rigorosamente para nada.
Votar no PS – e aparentemente 30 e não sei quantos por cento parece que tencionam votar neles (!) – é avalizar 15 anos quase contínuos de desgovernação – apenas interrompidos por 2 anos e meio de  executivos PSD – e ipso facto passar a Sócrates y a sus muchachos um atestado de satisfação, contentamento e de esperança. Para trás ficam os optimismos bacocos, as mentiras, as trafulhices, a corrupção, o nepotismo e a má fé e... não vos vou maçar com mais palavreado. Nas suas várias metamorfoses, José Sócrates passou de Dr. Pangloss, a Pinóquio para terminar no XVII Congresso do PS em digno émulo de  Kim Il Sung (com 95% de votos favoráveis). Como dizia, António Barreto “José Sócrates tem de ser punido. Tem de ser severamente punido”. Logo, em princípio e em condições normais, não deveria beneficiar de um terço das intenções de voto, mas de 5 ou 8%, quando muito. Infelizmente, não é isso que sucede.
Votar no PSD? Trata-se de um partido de senhores feudais e de grandes interesses, amiúde divergentes. O actual líder para além de inexperiente – muito embora e contrariamente ao que se pensa, isto é capaz de não ser muito importante: quantos políticos de sucesso há por esse mundo fora, sem terem tido experiência prévia? – tem, porém, uma tendência natural para a asneira, para a falta de senso, apesar da pretensa postura de “homem de estado, ponderado e tranquilo”. Não consegue transmitir uma imagem de confiança e de credibilidade o que é extremamente grave para as suas pretensões à liderança do partido e do país, impedindo-o, em termos objectivos, de chegar aonde quer. Depois, preconiza a liberalização irrestrita, o que se afigura muito perigoso e pode pôr em causa, irremediavelmente, o Estado Social.
A terceira opção consiste no CDS de Paulo Portas. As designações e a própria tradição portuguesa que o “arruma” num desvão de escada qualquer da chamada “direita” são enganosas. Trata-se de um partido com bem mais preocupações sociais que o PSD e com algumas (poucas) ideias para certos sectores específicos (agricultura, pensões dos antigos combatentes, por exemplo). Paulo Portas é um político bem estruturado, com a cabeça arrumada, mas perigoso e mauzinho. Quando era director do “Independente”, semana após semana, a long, long time ago in a galaxy, far, far away, entreteve-se a atacar Cavaco Silva até que o deitou abaixo with a little help from his friends . Ou seja, fez bem o trabalho de sapa e facilitou, então, a vida ao PS. Ninguém se lembra? Mas será, mesmo, que ninguém se lembra?
Escolher um dos três terá que ser na lógica da opção pelo mal menor: o PS de Sócrates seria hipótese a excluir à partida (não se pode beneficiar o infractor e premiar o aldrabão), Coelho não me parece uma opção válida, nem me inspira qualquer confiança (além disso, não tem capacidade para segurar os “barões)”, Portas, muito embora ponha em causa o seu carácter, seria, talvez, um caso a ponderar e apenas isso. Não me perguntem mais nada. Todavia, jamais será Primeiro-Ministro por razões óbvias.    
            Olhem, que venha o diabo e escolha!

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