Guiné-Bissau: Acordo secreto permite a libertação de Zamora
Segundo a PNN (Portuguese News Network), a libertação de Zamora Induta, confirmada na véspera de Natal, acontece três meses depois do Tribunal Militar de Bissau ter decidido pela ilegalidade da detenção do ex-CEMGFA. Zamora, detido desde as movimentações militares de 01 de Abril, prepara agora em liberdade a sua defesa das acusações feitas pelo líder dos revoltosos de Abril, António Indjai, que o implicam nos casos das mortes de 2009.
Na altura da decisão do Tribunal Militar, as chefias militares e o próprio Presidente Malam Bacai Sanhá terão recuado uma vez que consideraram não estarem reunidas as condições de segurança que permitissem a libertação de Zamora Induta. No entanto, durante a noite de 24, a residência de Zamora Induta manteve-se sem qualquer aparato de segurança policial correndo em Bissau rumores de que esta libertação «era uma armadilha».
Para além das conhecidas dissenções, aliás, públicas, entre o Primeiro-Ministro Carlos Domingos Gomes e o Presidente da República Malan Bacai Sanhá e da ascensão ao mando das FA's de conhecidos traficantes de droga com são os casos de Bubo Na Tchuto e de António Indjai, em que o segundo libertou o primeiro que se encontrava preso, a libertação, agora, da José Zamora Induta, detido há largos meses sem mandato nem processo judicial instaurado vem lançar mais uma confusão no conturbado panorama da Guiné-Bissau. Zamora foi um dos últimos chefes militares do conflito armado de 1998-99, ainda vivos e no activo e, além disso, é oficialmente, CEMGFA, porque nunca foi demitido das suas funções.
Tudo leva a crer que terá havido um acordo secreto entre Malan Bacai Sanhá e o PM para que o Chefe de Estado mantenha algum controlo sobre a segurança interna (Ministério do Interior) a troco da libertação de Zamora Induta, uma questão vital para os interesses do Presidente da República.
Isto é feito porque Zamora não disporia de qualquer poder efectivo sobre as Foças Armadas efectivamente controladas por Bubo Na Tchuto e por António Indjai. Logo a sua libertação não iria provocar qualquer manobra de desestabilização que pusesse em perigo o status quo existente. Consequentemente, o narco-tráfico pode continuar para benefício da economia guineense e de uns tantos em Bissau. Valha-nos, Deus!
Malan libertou ainda mais uns tantos militares envolvidos nos atentados de 2009, entre eles Manuel Mina. Trata-se pois de um acordo político para conseguir a paz no país e para que os negócios se processem sem problemas de maior.
Amílcar Cabral deve dar voltas na tumba.
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