sexta-feira, julho 22, 2011

O despertar da América Latina (1/3)



 Óscar Arias Sánchez recebeu o prémio Nobel da Paz em 1987 pelos esforços que empreendeu em prol da paz na América Central, pondo termo a vários conflitos civis que lavravam na região. Foi por duas vezes presidente da Costa Rica (1986-1990 e 2006-2010). Integra, presentemente, várias organizações internacionais e recebeu vários prémios pelo seu  empenhamento pela paz e pelo estabelecimento de um  mundo socialmente justo, no quadro de uma economia sustentável.
Óscar Arias ainda, como presidente da Costa Rica, proferiu um discurso notável na Cimeira de Negócios de Monterrey em 8 de Novembro de 2009, em que apelou à “maturidade” da América Latina, ou seja de que era chegado o momento da região se “despir das roupagens da auto-compaixão e aprender a difícil arte da autocrítica”. Para Árias, esta “entrada da América Latina na vida adulta” consistia, no fundo, na assunção das suas responsabilidades e na ultrapassagem dos seus obstáculos que consubstanciaram o atraso regional e impediram o respectivo desenvolvimento. Para o ex-Chefe de Estado costa-ricense, os obstáculos eram quatro:
-       a falta de inovação e a resistência generalizada à mudança;
-        o temor ao risco,
-       o “contínuo desprezo pelo Estado de Direito e pela institucionalidade  democrática”;
-       a “macabra tentação autoritária e militar”, apelando veementemente à desmilitarização (que se “comerciem chips e não armas; que se formem empresários e não soldados”, disse)  
Óscar Arias conclui que superando estes 4 obstáculos “era possível uma outra América Latina”, mais próspera e mais dinâmica.
O discurso, dado o seu interesse – que, muito naturalmente, passou desapercebido no cantinho da Ibéria Feliz, onde vivem os lusitanos, mas que teve grande repercussão nas Américas e nos “think tanks” um pouco por toda a parte - reproduzimo-lo na íntegra no post subsequente, constituindo, em nosso entender um marco importante em termos estratégicos e programáticos para a região.

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