EUA – Orçamento, Obrigações do Tesouro, Dólar as 3 crises norte-americanas que estarão na origem da quebra do sistema global, económico, financeiro e monetário
Segundo alguns analistas europeus e norte-americanos, a próxima fase da crise consistirá efectivamente na quebra irreversível do sistema económico, financeiro e monetário mundial no Outono de 2011. As consequências a todos os níveis desta situação serão de proporções históricas e demonstrarão sem quaisquer equívocos que a crise de 2008 (ou seja, a tão decantada crise do subprime e o consequente meltdown) é o que sempre foi: um simples aviso à navegação para o tsunami que se avizinha.
Esta degradação histórica tem também obviamente que ver com a crise nuclear no Japão, com as decisões chinesas em matéria de política económica e com o problema da dívida soberana na Europa. Neste particular, a questão das dívdas públicas dos países periféricos da Eurolândia (os PIGS) já não constituem um preponderante factor de risco europeu, uma vez que o Reino Unido virá assumir o papel de “the sick man of Europe” (o doente da Europa). A Eurozona implementou todos os dispoisitivos necessários para solucionar estes problemas e continua, a bom ritmo, em vias de encontrar as soluções adequadas para as questões ainda pendentes ou potenciais. A gestão dos problemas gregos, portugueses e irlandeses (e presumivelmente, amanhã, dos problemas espanhóis e/ou belgas e, mesmo italianos) está ser feita de uma forma eficiente e organizada. Serão os investidores privados a pagar a factura – é inegável - , mas não estaremos perante riscos sistémicos, o que desagrada sobremaneira ao Financial Times, ao Wall Street Journal aos peritos da rua novaiorquina do mesmo nome e à City de Londres, que periodicamente e com as habituais lágrimas de crocodilo pretendem “refazer-se da comoção” provocada pela crise da Eurozona de primórdios de 2010.
O Reino Unido falha completamente a chamada “amputação preventiva orçamental”, fracassa na política social, designadamente no campo da saúde, envolve-se na aventura militar líbia e não consegue cercear as necessidades de financiamento público. A economia britânica que já se encontra em recessão vai acelerar a queda, correndo fortes riscos de fazer implodir a coligação no Poder, sobretudo depois do referendo sobre as reformas eleitorais. O verdadeiro problema está, pois, em Londres e não nas capitais periféricas.
Todavia, o grande factor a tomar em linha de conta é a entrada dos EUA em austeridade e isto, sim, terá efeitos devastadores, à escala planetária.
Vejamos em breve síntese os 3 grandes pontos críticos:
* A crise orçamental, ou o modo como os Estados Unidos mergulham voluntariamente ou a contragosto nesta austeridade necessária e sem precedentes que arrastará sectores inteiros da economia e das finanças mundiais.
* A crise dos “T-bonds”, ou seja das obrigações do Tesouro norte-americano, ou como o FED chega ao “fim do caminho” encetado em 1913 e deve, agora, confrontar-se com um krach, independentemente da camuflagem ou da manipulação contabilística escolhida.
* A crise do dólar, ou a forma como os sobressaltos da divisa dos EUA vão determinar a interrupção da Quantitative Easing 2, no segundo trimestre de 2011, será o começo de uma grande desvalorização (da ordem dos 30%, no espaço de algumas semanas).
O tsunami está à porta. Ninguém está seguro.
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