domingo, abril 10, 2011

Crise? Qual crise? Ou a crise chama-se Sócrates?


Em termos meramente conjunturais,  analisando, a situação actual, é mais do que óbvio que o pedido de ajuda externa já devia ter sido feito, há muito tempo. Isto para evitar que o país entrasse em bancarrota que, agora, à beira do precipício e sob a ameaça de ser empurrado para o vazio pelos banqueiros, Sócrates atirou com a toalha para o ringue e, contrariando tudo o que disse e redisse, desistiu, mas desculpou-se, sempre, com os outros. Lembra os meus colegas da escola primária. Perguntava, então, a professora: Quem é que fez xixi atrás da escada? Não fui eu, foi aquele menino...Eu, não, senhora professora...Pueril! Simplesmente, pueril!
E agora? O que é que se vai passar? Em linguagem chã e corrente: é manifesto que vamos mais uma vez tapar buracos e atamancar as coisas, o que nos permite respirar um pouco, durante quanto tempo não se sabe bem ao certo, mas não nos resolve coisa alguma, ou seja não nos resolve nenhum dos problemas de fundo.
Enfermamos de várias questões verdadeiramente angustiantes: no que respeita às grandes opções: deveríamos ter entrado, como entrámos,  na U.E., no mercado único, na Eurozona? Seríamos capazes de respeitar os critérios de coesão e convergência? Enfim, cada um que responda como sabe e quer a estas perguntas, mas é a altura de as fazer.
Para clarificar as coisas, vamos apontar os dedos a alguns culpados, essencialmente  a dois: ao Governo cessante e aos banqueiros. Não, desta feita, não vamos perder tempo com a crise do sub-prime e o meltdown de 2008, assunto mais que explicado, reexplicado e repisado. Não nos vamos referir à fraca resposta da Europa à crise, idem, idem, aspas, aspas. Nem tão-pouco aferir da responsabilidade colectiva do “bom Povo Português” nestas andanças, porque a tem. Mas, não, não vamos por aí.
Li algures em mensagem que me enviaram que "o endividamento desenfreado, irresponsável e criminoso foi a regra de ouro dos governos que por aqui passaram nos últimos tempos. " Com efeito, um Governo que gastou desregrada e despudoramente, durante décadas (a questão já vem de longe, como a fama do velho brandy “Constantino”), que não impôs regras, que não deu o exemplo, que permitiu todas as corrupções e mais alguma, que não agiu como árbitro e que não se impôs em situações em que tinha de o fazer, que não é, nem foi, credível, cuja inépcia é notória e  a incapacidade consabida, jamais soube facultar resposta adequada  à questão de fundo:  ou seja,  a sua total falta de estratégia de governação. Um Executivo que não sabe o que significa a expressão "longo prazo", patenteando a sua total incompetência e o mais completo desnorte. Vamos de PEC em PEC sem solução à vista. É o Pec 1, é o PEC 2, depois é o 3 e segue-se o 4. Quando é que se acaba com esta "pequeria" toda?
Os governantes deviam tomar as medidas que se impunham de uma vez por todas e deixarem-se de saltar de plano de contingência, para plano de emergência, deste para plano de urgência e daqui para plano de sobrevivência  porque os cidadãos não vêem luz ao fundo do túnel, mas, antes,  um mar de mentiras e de aldrabices.
Por outro lado, nesta crise não se fala (ou fala-se pouco) na responsabilidade da banca e dos banqueiros. Neste paricular,  o que se passou foi o desregramento total, numa cultura de irresponsabilidade e de impunidade . Facilitou-se o crédito a proporções inimagináveis sem qualquer controlo. Fomentou-se o regabofe, numa base diária, permanente e universal, desde o crédito para a casa, ao automóvel, às  férias e ao cartão Visa. Mas os banqueiros e a banca não são de cá...não têm nada que ver com o assunto. São todos meninos de coro!. Quem é que os chama à pedra? Quem é que os responsabiliza? A banca nada fez e o Governo ainda menos.
Depois a banca beneficiou largamente com a crise. Pede emprestado ao BCE a 1% e  empresta ao Estado a 5 ou a 6. Daí os lucros fabulosos que aufere.

A crise pode ter vários nomes, mas a crise chama-se Sócrates. Assunto a seguir.

Sem comentários: