Depois do “chumbo”, i.e do falhanço das negociações interpartidárias, temos de ponderar bem no rumo a seguir pelo país, para que não seja um “Estado falhado”, pois vai, rapidamente e em força, a caminho dessa situação.
Vejamos:
A) Não são possíveis despedimentos maciços na Função Pública, sem embargo de muitos dos salários auferidos por esses funcionários se situarem bem acima da sua produitvidade real. As despesas têm de ser reduzidas para níveis sustentáveis. Esta é uma verdade Lapaliciana que tem de ser pacificamente aceite. Nesta conformidade tem de se pensar seriamente numa política de despedimentos na Função Pública que comece por eliminar da força de trabalho os que não são objectivamente rentáveis. Isto é muito duro, mas tem de ser feito. O PS “engordou” a F.P. com um conjunto avultado de excedentários (dezenas de milhares), terá agora de resolver o problema. Todavia, solução poderá não ser constitucional. Então, altere-se a lei fundamental, o que é perfeitamente possível.
B) Temos de acabar com as parcerias público-privadas e privatizar o que tem de ser privatizado, o rentável e o não rentável. Se no caso dos transportes,o défice é endémico, as pessoas que encontrem alternativa (vão à boleia, de bicicleta, de trotineta ou a pé). Se viajam de avião que apanhem um voo “low cost”. Repetimo-nos, visto que já o dissemos em "posts" anteriores: o Estado não tem vocação para voar aviões ou fazer andar os comboios, excepto para fins exclusivamente militares ou de protecção civil. O Estado não deve ter bancos seus, pois não é banqueiro, nem tem a menor noção do que é a actividade bancária e quando a tenta levar a cabo faz asneira da grossa. O Estado não deve ter empresas de telecomunicações, sejam elas quais forem. O Estado não faz televisão, só em regimes ditatoriais, como no ex-bloco de Leste e nas ditaduras terceiro-mundistas. Acabem com estas merdas todas, s.f.f.!
C) O Estado existe, é um mal necessário, mas nada produz e só gasta. Nesse caso, tem de reduzir as despesas ao mínimo indispensável para sobreviver e é imperioso que se auto-controle. Ponto final!
D) Em Portugal não existem elites, porque os que estão e julgam que aí se encaixam não tem capacidade para se qualificarem como elite e os que poderiam sê-lo já abandonaram o país. Indiquem-me uma só personalidade capaz de planear e mobilizar o país para um projecto a 20 ou 30 anos, a nível global e sectorial. Todos os politicos-politiqueiros pensam nas próximas 24 horas, na próxima semana e os de espírito mais aberto talvez no próximo mês. As próprias classes sócio-profissionais falharam redondamente: os advogados, os juízes e os magistrados do Ministério Público na Justiça; os médicos e os enfermeiros na Saúde; os professores, na Educação; os militares e equiparados nas Forças Armadas; os diplomatas na política externa, etc. etc. etc. Todos sabemos do que estamos a falar. Não vale a pena pôr mais na carta.
E) A democracia baixou o nível médio dos agentes políticos que são plena e efectivamente ineptos, desprovidos de quaisquer qualidades, visão de longo prazo ou de ética.
F) A função reguladora do Estado falhou. O caso dos bancos é o mais evidente, mas também não conseguiu impor níveis mínimos de qualidade na educação, na justiça e na televisão dita de serviço público (que pura e simplesmente não devia sequer existir) e que serve para entreter (leia-se, embrutecer) as massas
G) O Estado tem de racionalizar os serviços sociais que providencia à população e, em período de vacas magras, terá de cortar nalgum lado. Não podemos em termos percentuais do PIB gastar muito mais do que os nossos parceiros e é o que temos feito alegremente e sem pesos na consciência.
H)Os portugueses têm de se consciencializar que são novamente emigrantes, mas que, agora, não irão para os “bidonvilles” de Paris limpar a merda que os franceses não queriam limpar. Hoje, são os melhores, os mais qualificados que batem a sola e dão com os pés neste “jardim à beira mar plantado”. Esta situação vai conduzir o país a um deserto em termos de qualificações académicas e profissionais, ficando apenas com as “mulas da cooperativa” e o Zé da Adega. Um país sem elite, sem ideias, sem homens e sem rumo!
I) A geração do 25 de Abril desperdiçou estultamente 3 lotarias: as reservas de ouro do dr. Salazar que para aí ficaram; as privatizações e os generosos fundos europeus, deixando aos seus filhos e gerações vindouras como legado uma dívida incomensurável e um país inviável. E ninguém, mas ninguém, é chamado à pedra? Puta que pariu…
J) Temos de desfazer, de uma vez por todas, cabalmente certos mitos que alguma esquerda caviar ou alegrete não aceita por esquizofrenia pura: o período de maior expansão económica em Portugal foi, apesar da Guerra dita colonial ou do Ultramar ou de Libertação nacional (enfim chamem-lhe o que qusierem) a década de 60 (os números atestam-na de modo inequívoco). Tais níveis jamais foram atingidos nas décadas de 80 e 90. É pois mais do que legítimo questionar o sistema em que vivemos. É legítimo questionar o regime. É legítimo pôr-lhe fim.
Finalmente,a primeira república foi o reinado do terror, com os nossos Robespierres lusitanos; a monarquia tal como a ditadura (ou a dita mole - o país era e é de "brandos costumes") caíram de podres, mas, ao menos tinham a casa arrumada. A História julgará a nossa época como a das oportunidades perdidas. Esta louvável intenção de atribuir uma maior partilha de poderes e de responsabilidades entre todos os cidadãos da res publica, no espírito de uma certa generosidade democrática, não conseguiu, uma vez mais, resolver os problemas que se propunha resolver. Era quimérica e pueril.
Fomos traídos!
No fundo, pensavam que estávamos todos etilizados e que era fácil sodomizar bêbados.
Enganaram-se, alguns ainda estão sóbrios!
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