domingo, outubro 24, 2010

Quo Vadis Portugal? 



O draconiano Orçamento de Estado proposto pelo Governo dito socialista, mas na essência liberal, do senhor José Sócrates, vai exigir ao Povo português sacrifícios incomensuráveis, num momento em que a Nação tem o astral em baixo e sente que se encontra bem no fundo de um atoleiro, cujo horizonte último é a miséria. Mais. As gerações vindouras e o respectivo futuro ficam irremediavelmente comprometidos com as políticas destes governantes ineptos que só se revelam capazes na mentira soez e peritos no roubo descarado

O Primeiro Ministro José Sócrates, após ter lançado medidas de austeridade de uma extrema dureza, designadamente o aumento de impostos directos (IRS) e indirectos (IVA que atingirá o nível recorde de 23%), o corte de n prestações sociais, o congelamento de salários e de carreiras, medidas umas demasiado violentas e outras meramente cosméticas, foram tomadas num clima de política quase laboratorial por pseudo-políticos ou pseudo-académicos (não sei bem como os qualificar) despóticos, arrogantes e altivos desprovidos de qualquer contacto com o mundo real. Uma experiência muito similar à do dr. Frankenstein só que a culpa não recai num só homem e num só grupo. Necessitando de um parceiro para o tango, Sócrates fez um convite à dança ao PSD, que caiu como um patinho no primeiro PEC, mas que, agora, muito embora não tenha disposição para dançar, não conseguirá evitar “the last tango ...in Lisbon”. Só que não permitirá dançar muito  agarradinho e terá cuidado com as voltas e meias-voltas, porque pode espalhar-se ao comprido.

Mas qual é o objectivo destas danças e contra-danças? Reduzir o défice, a todo o custo. Porquê?

Porque a União Europeia assim o diz. Pronto. Acabou-se. Mas será só a UE?

Não, não é. O “maravilhoso” sistema em que a União Europeia se deixou envolver atirou-a para as “eminências pardas” que são as agências de “rating” a Fitch, a Moody's e a Standard and Poor's, todas baseadas nos Estados Unidos da América (onde havia de ser?) que virtual ou, mesmo, realmente (há que dizê-lo e frisá-lo) controlam as políticas fiscais, económicas e sociais dos Estados-Membros da União Europeia através da atribuição das notações de crédito.
Portanto quem manda não são os Estados ditos soberanos, nem a União Europeia, mas estas agencias em que meia dúzia de “yuppies” de 30 anos ditam o futuro do mundo

Esta é a orquestra que toca o tango melhor que Piazzola e que não precisa da voz de Carlos Gardel.

Ora bem, com amigos como estes organismos, e Bruxelas, no background, quem precisa de inimigos?

Sejamos honestos. A União Europeia é o resultado de um pacto forjado por uma França temente ao Huno e com medo, apavorada, mesmo, com o fim da hibernação da Alemanha, lembrando-se amiúde que as tropas germâncias invadiram o seu território por três vezes em setenta anos, tomando Paris como quem toma uma taça de champanhe (Facilidade? Paris foi conquistada não uma, mas duas vezes e da segunda patenteando o comportamento mais abjecto e cobarde dos franceses que fugiam diante da Wehrmacht como coelhos da matilha de cães). A Alemanha está ansiosa para se reinventar e para astutamente assumir o papel que lhe compete nesta Europa da desgraça, após os anos de pesadelo de Hitler. Paris treme. Está-lhe na massa do sangue.
Na Europa dita comunitária, a  França ficou com  a agricultura (e a aberrante PAC), a Alemanha ficou com os mercados para a sua indústria. Os demais países, uns bem, outros mal, lá ocuparam os seus lugares, na lógica de cada macaco no seu galho, olhando para o duo com respeito e veneração, mas obviamente sem ideias e, principalmente, sem força.

E Portugal? Olhem bem para as marcas de automóveis novos conduzidos por motoristas particulares para transportar os exércitos de "assessores" (que parecem ser imunes a cortes de gastos) e adivinhem de que país vêm?
Não, não são Peugeots, Citroens ou Renaults, mas antes   Mercedes e BMWs. Tudo topo-de-gama,pois claro.

Os sucessivos governos formados pelos dois principais partidos, PSD e PS (ideologicamente desertificados, cuja governação não difere nada uma da outra e que apenas variam alguma coisa em função das personalidades que os controlam ), têm sistematicamente deitado pelo cano abaixo, com a maior desfaçatez e à-vontade, os interesses de Portugal e dos portugueses, destruindo a agricultura e as pescas (os agricultores portugueses são pagos para não produzir e os pescadores para não pescar, permitindo que os espanhóis o façam em seu lugar) e a indústria (que ou desapareceu ou se arrasta sem proveito, nem glória, á espera de alguma coisa que lhe caia do céu). Toda esta imensa destruição do tecido produtivo lusitano, a troco de quê?

O que é que as contra-partidas renderam, a não ser a aniquilação total de qualquer possibilidade de criar emprego e riqueza numa base sustentável?

Aníbal Cavaco Silva, agora Presidente da República, mas outrora primeiro-ministro durante dez anos, entre 1985 e 1995, momento em que a U.E. despejava milhares de milhões, às catadupas, nas suas mãos através dos fundos estruturais e de desenvolvimento, é considerado um excelente exemplo de um dos melhores políticos de Portugal. Foi eleito fundamentalmente porque era considerado "sério" e "honesto" (em terra de cegos, quem tem um olho é rei), como se isso fosse um motivo suficiente para eleger um líder (uma das originalidades lusitanas), e como se a maioria dos restantes políticos (PSD/PS) fosse um bando de sanguessugas e parasitas inúteis (que, infelizmente, até são). Mas há que dizer-se a verdade: Cavaco é o pai do défice público em Portugal e o campeão dos gastos públicos. Sócrates, coitado, não inventou nada: os jogos estavam feitos muito antes de chegar a S. Bento.

A “política de betão” cavaquista foi bem concebida, mas como sempre, mal planeada, no fundo, o resultado de uma inepta, descoordenada e, por vezes inexistente política de Ordenamento do Território, vergada, como habitualmente, a interesses investidos que sugam o país e o povão.

Uma grande parte dos fundos da UE foram canalizadas para a construção de pontes e auto-estradas para abrir o país a Lisboa, Porto e ao litoral, facilitando o transporte interno e fomentando a construção de parques industriais nas cidades do interior para aí atrair grande parte da população radicada na orla marítima. Falhanço espectacular!

O resultado concreto, foi que as pessoas tinham agora os meios para fugirem do interior e chegar ao litoral ainda mais depressa. Os parques industriais ficaram-se sempre pela meia-casa e as indústrias criadas, em muitos casos já fecharam. Ninguém, porém, diz nada, nem sequer bate no peito, num mea culpa tardio, mas, quiçá, necessário.

Uma grande percentagem do dinheiro dos contribuintes da UE volatilizou-se em empresas e esquemas fantasmas.  Foram comprados Ferraris, Lamborghini, Maseratis. Foram organizadas caçadas de javali em Espanha.Foram remodeladas casas particulares, com luxo e sofisticação. 
No seu primeiro mandato, o Governo de Aníbal Cavaco Silva ficou a observar a forma como o dinheiro era malbaratado. No segundo mandato, a situação mudou ligeiramente: Cavaco limitou-se a verificar que os membros do seu governo perderam o controle e que participaram no bodo aos pobres. É fartar vilanagem! Então, tentou desesperadamente distanciar-se do seu próprio partido político para não se queimar, porque chamuscado já estava.

Depois de Aníbal Silva veio o bem-intencionado e humanitário, António Guterres , um excelente Alto Comissário para os Refugiados e provavelmente um candidato perfeito para Secretário-Geral da ONU, mas um buraco negro em termos de (má) gestão financeira. Apelidado de “picareta falante”, com uma retórica temível, mas oca, era totalmente inepto e perdia-se como um adolescente que entrava num bordel pela primeira vez.

Sucedeu-lhe um diplomata de mérito, mas abominável primeiro-ministro Durão Barroso (nos dias que correm, Presidente da Comissão da UE, “Vou ser primeiro-ministro, só que não sei quando”) que acabou por criar mais problemas com o seu discurso do que conseguiu resolver, passou a batata quente para Pedro Santana Lopes, que não tinha qualquer hipótese ou capacidade para governar, nem sequer qualquer noção do que era governar, além disso, sem se aperceber da armadilha astuta que lhe estava a ser montada por Sampaio. Fraco político, fraca cabeça, fraco homem foi parar ao caixote do lixo da história, em pouco tempo

A sua não actuação ou, melhor actuação desastrada, resultou nos dois mandatos de José Sócrates; um Ministro do Ambiente competente, que até formou um bom governo de maioria e tentou corajosamente corrigir erros anteriores, mas que foi rapidamente asfixiado pelos interesses instalados e se deixou entedar em escândalos da sua própria responsabilidade, que em qualquer país digno desse nome, designadamente no mundo anglo-saxónico já teria sido demitido, a bem ou a mal, há muito tempo. Mas Portugal, país de brandos costumes, tudo perdoou, tudo esqueceu, tudo deixou passar.

E agora?

Agora, as medidas de austeridade apresentadas por este PM de sapatilhas e de mentira fácil, são o resultado da sua própria inépcia para enfrentar esses interesses, no período que antecedeu a última crise mundial do capitalismo (aquela em que os líderes financeiros do mundo foram buscar três biliões de dólares de um dia para o outro para salvar uma mão cheia de banqueiros irresponsáveis, quando nada foi feito para reformular o sistema, pagar pensões dignas, implementar programas de saúde ou projectos de educação a sério).

E, assim tal como os seus antecessores, José Sócrates, agora em minoria e a afundar-se, demonstra falta de inteligência emocional, permitindo que os seus ministros pratiquem e implementem políticas experimentais, não testadas e perigosas, que obviamente serão contra-producentes e não conduzirão ao fim em vista.

Eis Portugal no final da curva do caminho.

Valha-nos Nossa Senhora!


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