quarta-feira, outubro 20, 2010

A idade das trevas
Para a cultura geral do povão, transcrevo, com a devida vénia, este artigo do Professor José Ricardo Costa.




A Idade das Trevas
Como o meu filho ia ter um teste de História, estive a estudar com ele e a fazer-lhe perguntas. A matéria era relativa à Idade Média. As classes sociais, o modo de vida de cada uma delas, pronto, esse tipo de coisas. Foi uma experiência muito engraçada, sobretudo para quem acompanha jornais e telejornais. 
   

Estava eu a estudar os privilégios da nobreza e dei logo comigo a pensar que em Portugal , ainda não saímos bem da Idade Média. Na Idade Média, a mobilidade social era praticamente nula. A nobreza vivia fechada sobre si própria usufruindo dos seus próprios privilégios. Relacionavam-se entre si, casavam-se entre si, frequentavam os mesmos castelos, participavam nas mesmas festas e banquetes, olhando para o povo do alto dos seus privilégios sociais e económicos. 
 

  Ora, se virmos o que se passa em Portugal , temos de chegar à conclusão que no Estado há décadas dominado pelo PS e pelo PSD, existe cada vez mais uma feudalização da sociedade assim como uma organização social cada vez mais endogâmica. 
  
  Um bom símbolo da nossa miséria é o casamento entre a filha de Dias Loureiro , amigo íntimo de Jorge Coelho, e o filho de Ferro Rodrigues , amigo íntimo de Paulo Pedroso , irmão do advogado que realizou a estúpida e milionária investigação para o Ministério de Educação e amigo de Edite Estrela que é prima direita de António José Morais, o professor de José Sócrates na Independente, cuja biografia foi apresentada por Dias Loureiro , e que foi assessor de Armando Vara, licenciado pela Independente, administrador da Caixa Geral de Depósitos e do BCP, que é amigo íntimo de José Sócrates , líder do partido ao qual está ligada a magistrada Cândida Almeida , directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, que está a investigar o caso Freeport. 
  
  
 
Talvez isto ajude a explicar muito do que se passa com a Justiça, a Economia, a Educação. Sobre a Educação, a minha área, vale a pena pensar um bocadinho. Haverá gente em Portugal a beneficiar com a degradação da escola pública? 
 Outra vez: haverá gente em Portugal a beneficiar com a degradação da escola pública?
Há? Claro que há!
Ora bem, quer entender porquê? E quem são? Quer mesmo? É fácil. Experimente sentar-se um pouco com o seu filho a estudar História. 
  


José Ricardo Costa, professor


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